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quinta-feira, outubro 16, 2003

Filosofia Clínica 

“A Filosofia Clínica é a Filosofia acadêmica aplicada à clínica, realizada por filósofos graduados em Faculdades de Filosofia reconhecidas pelo Ministério da Educação. Colegas de outras áreas podem cursar esta pós-graduação como uma especialização sem habilitação à clínica. A Filosofia Clínica abrange centenas de professores, especialistas, mestres e doutores em dezenas de cidades brasileiras” [1]

A Filosofia Clínica é um exercício filosófico aplicado às questões existenciais, visando trabalhar má formação, confusão, choques, além de outros, que ocorrem na Estrutura de Pensamento[2] de uma pessoa; é a utilização do conhecimento filosófico, acadêmico, empregado à psicoterapia do indivíduo, procurando entendê-lo em sua singularidade.

A Filosofia Clínica pode ser recomendada tanto às pessoas que estão passando por algum momento difícil, existencialmente falando, bem como para àqueles que desejam se conhecer melhor, passando suas vidas a limpo.

A Filosofia Clínica nasceu no Brasil na década de 80 a partir dos estudos do filósofo gaúcho Lúcio Packter, que não satisfeito com as respostas prontas e objetivas que reduziam o comportamento humano a conceitos e padrões pré-estabelecidos, por outras áreas, pesquisou uma nova proposta psicoterapêutica - a partir do conhecimento da Filosofia acumulado em 2.500 anos - viajando pela Europa e EUA[3]. A única proposta que encontrou foi a qual o filósofo atuava em aconselhamentos, algo totalmente distinto do que idealizava. Ao retornar ao Brasil desenvolveu uma abordagem psicoterápica com uma metodologia original, que chamou de Filosofia Clínica.

Na metodologia Packteriana não há determinação de tipologias psicológicas e nem diagnósticos de normal x patológico ou doença x normalidade, mas nem por isso inexiste a preocupação da avaliação dentro de certos critérios. Seu método psicoterapêutico é essencialmente fenomenológico-existencial [4] e se utiliza de ferramentas advindas de teorias e autores da própria filosofia, quase que exclusivamente de filósofos. O instrumental oferecido pela Filosofia Clínica é a lógica formal, que como sabemos, estuda os conceitos, os juízos, o raciocínio e as leis do pensamento. Outras são as originadas do empirismo inglês, de Hume, Locke e Berkeley e a analítica da linguagem.

Em 1994 fundou o Instituto Packter (nome em homenagem a seu avô) na cidade gaúcha de Porto Alegre, que hoje é a referência em Filosofia Clínica para todas as Associações Estaduais filiadas e espalhadas pelo Brasil.

Atualmente a Filosofia Clínica está de tal forma estruturada que os filósofos clínicos dão consultoria em empresas, na área da educação, terapia individual ou de grupo, terapia comunitária, atendimentos a instituições e outros.

Neste ponto, queremos complementar que a dinâmica do mundo atual, exige resultados cada vez maiores da capacidade humana, tornando os homens ainda mais competitivos e frios nas relações com seus semelhantes, distanciando-os de sua real natureza e da busca de valores e ideais mais humanos. Conseqüentemente, tornam-se cada vez mais insatisfeitos, desestabilizados, sufocados e privados de suas expressões subjetivas, perdem a auto-referência, a espontaneidade, a criatividade, em função dos padrões estabelecidos por uma sociedade caótica essencialmente capitalista.

Assim, o indivíduo continuamente obrigado a viver nesse sistema que lhe é imposto, acaba se desgastando e uma hora ou outra, pode acabar manifestando algum problema físico, emocional ou existencial. São momentos onde o “stress”, a ansiedade, a depressão e a angústia existencial tomam conta de sua vida, e podem torná-la um fardo difícil de ser suportado.

Esses sintomas podem ser entendidos como sinais que sua organização interna manifesta, informando que algo está errado em sua maneira de viver. É sua própria natureza interior exigindo harmonia. Nesses momentos a pessoa poderá buscar a Filosofia Clínica e partilhar com o terapeuta suas angústias, medos, frustrações, sonhos, emoções restabelecendo assim sua harmonia e auto-referência para que possa realizar as modificações existenciais que ela almeja.

Podemos concluir então que a Filosofia Clínica veio ajudar no resgate dos valores humanos sufocados pela existência caótica promovida pela própria “humanidade” .

Procedimento Inicial em Filosofia Clínica

Ao atender uma pessoa que nos chega ao consultório[5], temos que ter sempre em mente o princípio (de Protágoras) de que cada pessoa é "a medida de todas as coisas", portanto tudo aquilo que ela sente, imagina, pensa, vivencia e realiza é assim para ela, é sua visão particular acerca de tudo e independe de ser dividido com outras pessoas, de ser aceita, criticada, proibida, etc. De antemão não devemos enquadrá-la em nossos pré-juizos ou a qualquer padronização previamente julgada como “normal” ou “anormal”.

Além disso temos que tentar estabelecer uma Interseção positiva com ela. Chamamos de interseção a relação que se estabelece entre o filósofo clínico e a pessoa que o procura. A qualidade dessa interseção determinará a eficácia da clínica, pois sendo ela positiva haverá entre ambos um partilhamento com harmonia, amizade e mútuo interesse nas questões colocadas em terapia.


[1] Trecho da página principal do site oficial de Filosofia Clínica: www.filosofiaclinica.com.br

[2] estrutura de pensamento

“É o modo como a pessoa está existencialmente no ambiente. A estrutura de pensamento se dá mediante a relação de trinta Tópicos que por interseção estabelecem as condições modais de existência da pessoa. A Estrutura de Pensamento se caracteriza pela sua mobilidade, plasticidade, pois “ ela muda de pessoa para pessoa, ela muda de época para época, ela muda na própria pessoa durante a vida". Ela procura entender a experiência humana enquanto existência.” (Dicionário de Filosofia Clínica)

[3] Lúcio Packter além de possuir pós-graduação em Filosofia também possui em Psicologia Clínica e Psicanálise, portanto ao pesquisar uma nova proposta psicoterápica , por certo considerou as falhas dos métodos utilizados por essas.

[4] “Não se apropiou da ontologia de Heidegger, nem de uma antropologia e tampouco de uma teoria estrutural de aparelho psíquico, como o uso da psicanálise na Daseinsanalyse.” (do livro: “A Filosofia Clínica e as Psicoterapias Fenomenológicas)

[5] Em Filosofia Clínica poderemos atendê-la tanto em consultório ou em qualquer outro lugar onde a pessoa possa se sentir bem ou com segurança. Por exemplo no caso dela ter claustrofobia, poderemos atendê-la em um jardim ou onde ela indicar.

http://www.filosofiaclinica-ce.com.br/index.htm

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